Gabriel Azevedo

Gabriel Azevedo é um ilustrador e designer brasileiro, natural de Recife e atualmente radicado em São Paulo. Conhecido por suas imagens vibrantes, cheias de luz e ricamente detalhadas, Gabriel traz uma energia exuberante para seus designs através de sua estética apurada e forte senso de composição. Seu processo criativo mistura diversas técnicas, incluindo colagem, desenho à mão e ilustração digital. Essa versatilidade permite que ele se adapte facilmente a diferentes estilos, tornando seu trabalho dinâmico e visualmente cativante.

Eu moro no trabalho ou trabalho de casa? Muitas vezes tenho dificuldade de delimitar esses espaços. O fato é que sempre estou trabalhando, o meu fazer tem muito a ver com minha vivência e memória, assim minha casa é como um laboratório onde vejo acontecer os objetos que desenvolvo. 

Sou nascido em Recife e faz 14 anos que moro em São Paulo. 

A cidade onde nasci fica no Nordeste do Brasil, longe dos grandes centros urbanos do país, São Paulo e Rio, porém com uma profusão criativa ancestral. Lá as manifestações culturais invadem sua casa e seu cotidiano, quase um espaço comum onde todos participam, mesmo sem necessariamente estarem interessados em fazer parte dessa vivência. Talvez seja por isso que tenho dificuldade em delimitar os espaços entre o que é meu processo criativo e o que é meu universo pessoal.

Todos os dias acordo com um ímpeto de realizar algo criativo diferente, a única coisa rotineira que mantenho é fazer um café e realizar algum exercício físico. Depois disso, os processos são diversos: posso estar em alguma pesquisa de imagens, talvez experimentando um novo traço ou realizando algum projeto específico. Sempre tenho um papel comigo onde posso desenhar, pintar ou recortar algo. Não tenho grandes apegos a técnicas ou mídias com que trabalho.

Gosto de caminhar por diversas formas do fazer, acho que meu trabalho não é necessariamente sobre uma imagem ou linguagem específica. Meu desenho é a minha língua, o primeiro lugar por onde me comuniquei, uma ponte para o outro, um acesso. Dessa forma, gosto de desenvolver diversos caminhos, circular por novos ambientes. 

Tenho muito interesse pelo outro, como se a outra pessoa fosse me ajudar a entender um pouco do mistério do que é estar vivo, o que é sentir. Talvez por trabalhar em casa e conviver com pouquíssimas pessoas durante o meu processo criativo, gosto tanto de desenvolver projetos que vão estar dentro da intimidade das pessoas. Acho fascinante pensar que algo que criei com minha mão possa virar um prato, uma roupa ou uma embalagem que estarão na memória das pessoas, no cotidiano de alguém que nem conheço. 

Eu escuto muitos artistas falarem que o lugar de trabalho é um espaço imaculado, acho linda essa perspectiva, porém não compartilho desse sentimento. Esse limiar entre o sagrado e profano me interessa muito, tudo como um grande espaço de mistura e sem grandes hierarquias. Gosto muito do caos, é um lugar onde preciso muitas vezes estar para saber onde ir.

Gosto de pensar que minha pesquisa é um procedimento contínuo, sem forma, onde meus processos criativos transbordem os espaços de arte e invadam a vida e o cotidiano do outro de forma osmótica. Penso muito em herança, o que veio até mim, o que vou deixar, onde esses objetos irão chegar? Qual a narrativa que será desenhada sobre eles? Não é necessariamente sobre mim, é sobre nós.

Você pode saber mais sobre o  Gabriel aqui: @gabriel_az // linktr.ee/gabriel_az

Fotos: Anita Goes 

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