Minha paixão por flores e plantas veio desde a infância, enquanto observava minha mãe, na varanda de nossa casa, cuidar das plantas e flores com muita dedicação e amor. Todas as manhãs, acompanhá-la nesse hobby me ensinou que a presença da natureza não só acalma, mas também transforma qualquer ambiente, tornando-o mais belo e acolhedor. Sou florista há sete anos.
As flores sempre exerceram um papel fundamental na história da humanidade, simbolizando beleza, amor, alegria e, por vezes, até tristeza. Desde os tempos antigos, elas foram empregadas em rituais religiosos e na expressão de sentimentos, perpetuando uma tradição que une estética e significado. Atualmente, as floristas inovam na indústria da decoração e impulsionam a economia global, transformando espaços e momentos através de sua arte.
Há dez anos, ao me mudar para Nova York, decidi aprofundar meus conhecimentos e estudei no New York Botanical Garden, uma das instituições mais renomadas na área de botânica. Essa experiência ampliou minha visão sobre o universo floral proporcionando a base necessária para eu trilhar a trajetória profissional.
No início, passei os primeiros três anos criando arranjos para amigos e ajudando pessoas a decorarem seus lares com plantas. O que começou como um hobby transformou-se naturalmente em um negócio orgânico e hoje, à frente da Green Sprout Studio, dedico-me a eventos, casamentos, jantares privados e colaborações com marcas do Brasil, Estados Unidos e Japão. Além de elaborar os arranjos, cuido pessoalmente do atendimento aos clientes, das negociações, das compras de flores e insumos e até das entregas.
Com o tempo, aprendi que ser florista vai muito além do romantismo: trata-se de um trabalho exigente, que demanda planejamento, dedicação, criatividade e energia para que cada detalhe seja perfeito.
O Processo Criativo
Trabalhar com flores é, para mim, mais do que uma profissão, é uma paixão que se renova a cada projeto. Meu processo criativo tem início na inspiração, que pode surgir de uma paleta de cores, da textura única das flores da estação ou da história por trás de cada encomenda.
Em Nova York, o mercado de flores funciona das 5h às 10h da manhã, o que exige que meu dia inicie muito cedo para garantir os produtos mais frescos para meus clientes. Cada buquê é escolhido cuidadosamente, considerando o frescor, a tonalidade e a durabilidade das flores, e sempre priorizo as espécies da estação, que conferem um toque autêntico e natural aos arranjos.
Após a seleção, sigo para meu estúdio no Brooklyn, dando início ao preparo: abro as caixas, removo os plásticos e elásticos, faço a limpeza das hastes, realizo um corte diagonal para melhor absorção de água e as coloco em água fresca. Organizo as flores por espécie e cor, escolho os vasos e separo as ferramentas necessárias. Tudo isso em um ambiente cuidadosamente preparado, embalado por uma música suave, geralmente clássica, que inspira a criatividade.
Antes de compor cada arranjo, reflito sobre o propósito da peça. Se o projeto é para um casamento, por exemplo, penso na harmonia entre as flores e a identidade visual do evento; se é um buquê para presente, busco captar a essência de quem o receberá. Essa etapa inicial é crucial para assegurar que cada criação transmita um significado único e especial.
Na fase final da criação, busco o equilíbrio perfeito entre formas, texturas, volumes e cores, ajustando cada elemento até alcançar uma harmonia sublime. Concluir um arranjo é sempre um momento de gratificação, pois a felicidade e emoção de quem recebe as flores confirmam que cada cuidado e detalhe foram essenciais.
Para mim, criar com flores é contar histórias e transmitir sentimentos por meio da beleza e da essência da natureza.
Descubra mais sobre Maria Cecilia @greensproutstudio33 // greensproutstudio.com
Fotos: Anita Goes & Cortesia da florista.
