A pesquisa para o projeto Ilha de Árvores incluiu a coleta de informações sobre como as árvores percebem o mundo, como se comunicam e quais são as características específicas de diferentes espécies. Como o projeto possuía caráter site-specific e ocorreu em uma pequena ilha na Ria de Aveiro, o contexto do local tornou-se um fator essencial para o processo de criação. A ilha estava quase completamente alagada, coberta por uma lama espessa e apenas uma vegetação limitada e específica crescia ali. Tivemos a oportunidade de observar como as marés influenciam os níveis de água e transformam a paisagem. Foi necessário adaptar nossas ideias a esse local desafiador e aprender rapidamente a lidar com o clima exigente e a elevação da água.
Criamos uma microfloresta única na pequena ilha, que parecia uma fatamorgana surgindo diante dos olhos do público que assistia à performance a partir dos barcos. Era uma terra utópica de árvores ameaçadas de extinção, onde era possível encontrar espécies quase desaparecidas.
TA obra, suspensa entre fantasia e ciência, lidava com uma sensação ambígua de tempo: às vezes lento, no ritmo da vida das árvores; às vezes apressado, já que há pouco tempo para salvá-las; um tempo em loop e cíclico, sublinhado pela música hipnótica de Pedro Pestana.
Direção, coreografia, performance: Małgorzata Suś,
Performance: Joanna Gruntkowska
Cinematografia, edição: Pablo Koury
Música original: Pedro Pestana
Produção: Festival Dos Canais, Associação Improvise & Organize
Pablo Koury é um cineasta nascido no Rio de Janeiro e radicado em Nova York, que celebra o diálogo sensorial entre corpo e ambiente por meio da prática cinematográfica. Desde 2019, seu trabalho tem se desenvolvido por meio de colaborações com artistas de movimento e residências site-specific em Portugal, Islândia, Suécia e Nova York, sendo mais recentemente cineasta residente no PAC Programa NYC em 2025.
Koury também dirige projetos de marcas e mini-documentários de perfil para pessoas e grifes de moda. Nos últimos anos, seu envolvimento duradouro com a arte e a rede que cultivou naturalmente entre Brasil, Nova York e Europa ao longo das décadas também o levou a atuar no mercado secundário de arte como marchand.
Małgorzata Suś é bailarina, performer e coreógrafa. Formada pela Academia Nacional de Artes Dramáticas de Varsóvia, sua prática artística se dedica a conectar o corpo e o movimento com a natureza e o ambiente.
Desde 2019, colabora com o cineasta Pablo Koury, desenvolvendo diversos projetos de dança e cinema voltados para ecossistemas marinhos e costeiros, como Ilha de Árvores / Island of Trees, Halocline, Body of Salt e, mais recentemente, Wyspa-Wydmo / Phantom Island. Atualmente, está envolvida no desenvolvimento de uma plataforma de arte e ciência que incentiva colaborações interdisciplinares, principalmente nas áreas de ciências marinhas e artes performativas.