Crihs Thormann

Crihs é um fotógrafo radicado em Nova York, cuja energia inesgotável e profunda paixão pela música o conduzem ao coração da vida noturna da cidade. Passa grande parte do tempo em clubes de Manhattan e do Brooklyn, cercado por DJs, artistas e músicos — as próprias pessoas que frequentemente se tornam os protagonistas de seu trabalho. Ele se inspira nos legados fotográficos de Lee Friedlander, Vivian Maier e Bruce Gilden. Seguindo os passos de seu pai, Ricardo, compartilha o mesmo fascínio por registrar os clubes e espaços que moldam seu universo.
Thormann é formado em Belas Artes pelo Fashion Institute of Technology.

Ser quem eu sou como artista e fotógrafo, devo ao meu pai. Ele foi fotógrafo desde os 17 anos. Não sei por que ele pegou uma câmera pela primeira vez ou quem o ensinou — e suspeito que nunca saberei. Mas sei que, tanto como pessoa quanto como artista, fui moldado pela sua influência.

Quando criança, eu entrava escondido no laboratório fotográfico que tínhamos nos fundos de casa , derramava produtos químicos, tocava nas cópias dele e derrubava coisas. Eu era um incômodo — apenas uma criança curiosa. Naquela época, porém, eu tinha pouco interesse pelas artes. A maior parte da minha energia ia para o hóquei e outros esportes coletivos. Quando terminei o ensino médio, não tinha direção. Não me inscrevi em faculdade nenhuma e não queria continuar estudando — eu odiava a escola.

Depois de alguns anos trabalhando e viajando por causa do hóquei, um amigo próximo da família, que estudava no Fashion Institute of Technology (FIT), me contou sobre o departamento de fotografia de lá. Pouco tempo depois, me inscrevi e fui aceito. Mal podia esperar para contar ao meu pai. Na visita seguinte, ele me entregou uma Canon SLR com algumas lentes — minha primeira câmera analógica. Na época, o equipamento digital era caro demais, então mergulhei de cabeça no filme. No FIT, aprendi a revelar, ampliar e digitalizar negativos. Eu amava estar no laboratório. Aquilo me levava de volta às minhas primeiras memórias com meu pai — algumas das poucas que ainda guardo com carinho.

Quando me formei no FIT, não tinha certeza se queria seguir com a fotografia. Eu trabalhava como entregador, de bicicleta, e achava que talvez continuaria com isso. Mas, pouco antes da formatura, fiz um estágio no Bicycle Film Festival. Seu fundador, um amigo, me incentivou a produzir mais trabalhos em vídeo. Para minha tese, criei um longa-metragem filmado em Nova York, que estreou no festival com duas sessões esgotadas, e depois foi exibido internacionalmente, lotando vinte e nove das trinta e uma exibições. Depois disso, filmei alguns comerciais e participei de pequenas exposições fotográficas. Mas, de 2018 a 2024, minha prática artística desacelerou. Continuei fotografando, mas de forma casual — amigos, viagens, a cidade como eu a via nas minhas rotas de entrega. Grande parte do meu trabalho vem dessa vida: retratos de amigos, cenas dentro de prédios, momentos nas ruas, encontros de mensageiros.

Ao longo dos anos, guardei projetos que pretendo um dia compartilhar com o público. Um deles é uma série do Empire State Building fotografado de inúmeros pontos de vista — perspectivas acessíveis apenas por causa do meu trabalho como entregador. Outro projeto em andamento acompanha um homem em situação de rua que viveu no Upper West Side por mais de 15 anos, sobrevivendo nas ruas e dormindo na Broadway. Não o vejo há um tempo, embora talvez eu também não esteja mais procurando por ele.

No início de 2025, senti um novo impulso criativo. Comecei a fotografar a vida noturna, especialmente no Night Moves (casa noturna em Nova York). Não foi um projeto planejado, mas algo que cresceu de forma orgânica, movido pelo entusiasmo genuíno, pela energia do lugar e pelo momento certo. Como lá fotografar com flash não é permitido, comecei a experimentar filmes ultrassensíveis — ISO 3200, o mais alto possível. Fotografei com uma QL 17, totalmente aberta em f/1.7, a 1/15 ou 1/30 de segundo. Às vezes dava sorte; outras, nem tanto. Por um tempo, usei digital e filme, mas o digital parecia fácil demais. Eu queria o desafio do analógico — a dificuldade, a imperfeição, a textura. Como um DJ de vinil, eu queria honrar o ofício em sua forma mais pura.

Meu objetivo é traduzir, através das minhas fotografias, o que sinto pela música e pelo espaço — capturar aqueles momentos esquecidos, entre um e outro, que tornam o Night Moves tão especial.

Para saber mais sobre Crihs Thormann: @crihsshirc

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