Barbara Gabrielle

COMPLEXO DA ALMA

Entre o olhar e a alma, outros futuros possíveis se desdobram. Muito além de retratos pessoais, esta série fotográfica evoca o encontro entre o ancestral e o amanhã, entre o local e o mundo. É sobre pontes. Sobre vielas, becos, lares de dentro e de fora. Bárbara Gabrielle em sua jornada de imigração, Faiska e Fumassa em sua jornada de integração. Aqui, a união, com o enorme perdão da rima, se torna transformativa. As fotos revelam um convite para adentrar o íntimo de uma família, de uma comunidade, de um país, e ali, através dos olhos atentos, encontrar um elo para o mundo, que se expande e ultrapassa fronteiras. E sobre uma humanidade perdida e encontrada no âmago do afeto.

Isadora Canela

Como fotógrafa imigrante brasileira vivendo nos Estados Unidos, sinto um desejo constante e crescente de compartilhar narrativas tradicionalmente não ouvidas, especialmente aquelas relacionadas ao Brasil. Procuro aproximar minha lente do “outro” e desobjetificar conceitos criados sobre diversos assuntos.

Como fotógrafa autônoma, tenho uma rotina flexível que me permite sair com minha câmera e capturar assuntos e histórias ao longo do caminho. Vejo meu estúdio como mais do que um espaço com quatro paredes e um fundo branco – considero a rua uma vasta extensão do que eu chamaria de “meu estúdio.” Foi essa abordagem aberta e imersiva que me levou a conhecer a diretora de cinema Thatiane Almeida.

Durante uma conversa com Thatiane sobre minha vontade de contar uma história relevante sobre o Brasil, ela me apresentou à inspiradora trajetória de Faiska e Fumassa. Com seu profundo envolvimento nas comunidades do Rio de Janeiro, Thatiane revelou a história de resiliência desses dois irmãos, nascidos e criados na favela conhecida como “Complexo da Alma.” A partir dessa conexão, surgiu a oportunidade de contar sobre a vida desses artistas e revelar o impacto positivo que eles têm sobre sua comunidade.

O Rio de Janeiro é conhecido por suas paisagens deslumbrantes, o Carnaval, o samba e as favelas, que ganharam reconhecimento internacional através de filmes como “Cidade de Deus.” Para muitos brasileiros e estrangeiros, Carnaval e futebol costumam ser os aspectos mais celebrados da cultura brasileira, enquanto as favelas são frequentemente associadas à violência. Com isso em mente, senti a necessidade de colaborar na desconstrução desses conceitos estereotipados, mostrando o “outro lado da moeda.”

As favelas, muitas vezes vistas de fora como sinônimos de violência e pobreza, são, na verdade, comunidades vibrantes e resilientes. Embora enfrentem desafios significativos, como a falta de infraestrutura formal e serviços públicos, são ricas em cultura e espírito comunitário. São lugares onde a solidariedade prospera e a criatividade encontra formas únicas de expressão, especialmente através da música, dança e arte. Esses bairros são o coração pulsante da cultura brasileira, abrigando uma diversidade cultural frequentemente subestimada ou mal compreendida.

Recentemente, houve um aumento significativo na visibilidade da cultura brasileira. Ritmos cativantes do funk, originários das favelas, e uma variedade de estilos musicais têm ecoado pelo mundo, despertando um interesse maior na diversidade cultural que muitas vezes foi retratada de forma manipulada ou oculta.

Durante meu tempo no Rio de Janeiro, tive a honra de visitar o lar de Fumassa e Faiska. Esses irmãos são renomados no estilo de dança conhecido como “Passinho,” originado da cultura funk do Rio de Janeiro. Além disso, são artistas completos, atuando como atores, modelos e fundadores da marca de roupas Kebra. Faiska e Fumassa nasceram e foram criados no Complexo da Alma e continuam a residir lá. Eles buscam mudar equívocos frequentemente associados a comunidades marginalizadas, e este projeto visa avançar na direção desse objetivo.

A primeira exposição do projeto “Complexo da Alma” foi realizada dentro da própria favela, com o apoio de toda a comunidade. Este evento não apenas destacou o projeto, mas também representou um momento significativo para a comunidade, especialmente para os jovens e crianças. Mostrou o poder da unidade e da auto-representação, inspirando os jovens ao fornecer exemplos tangíveis de sucesso e esperança.

Fumassa (Wellington Santos) e Faiska (Jeferson Santos) dedicam-se a desmistificar os preconceitos frequentemente associados às suas comunidades. Apesar dos estigmas fortes, eles se esforçam para revelar a rica e maravilhosa cultura existente nas favelas, destacando sensibilidade, arte, amor e sorrisos genuínos. Seus esforços visam inspirar crianças a sonhar e mostrar que, por trás das suposições, existe uma realidade complexa que merece reconhecimento.

Barbara Gabrielle é uma fotógrafa queer brasileira apaixonada que conta histórias através de suas lentes. Com um estilo único e uma atenção meticulosa aos detalhes, ela captura momentos autênticos e  evoca emoções sutis. O trabalho de Barbara abrange moda, lifestyle e retratos artísticos, ganhando reconhecimento através de exposições em Londres, Nova York e na Art Basel de Miami. Sua fotografia também foi destaque em revistas de arte internacionais como “Schön! Magazine,” “Vogue Magazine,” “Picton Magazine,” “Pap Magazine,” e “Purplehaze Magazine.”
Inspirada pelo mundo ao seu redor, Barbara se conecta e compartilha sua perspectiva através de vislumbres de momentos do cotidiano, buscando interações significativas. Através da fotografia, ela transmite mensagens sinceras e provoca profundas reflexões em seus espectadores.

Fotografia: Barbara Gabrielle

Modelos: Carmelinda Alves, Fumassa Alves, Faiska Alves, Gege Santos, Cleiton Neri, Enzo dos Santos, Jordan Figueiredo, Kauan Machado, Kethelen Figueiredo, Luiz dos Santos

Assistente de Câmera: Isabelle de Aguiar

Barbara Gabrielle é uma fotógrafa queer brasileira apaixonada por contar histórias através de suas lentes. Com um estilo único e uma atenção meticulosa aos detalhes, ela captura momentos autênticos e evoca emoções sutis. O trabalho de Barbara abrange moda, lifestyle e retratos artísticos, ganhando reconhecimento através de exposições em Londres, Nova York e na Art Basel de Miami. Sua fotografia também foi destaque em revistas de arte internacionais como “Schön! Magazine,” “Vogue Magazine,” “Picton Magazine,” “Pap Magazine,” e “Purplehaze Magazine.”

Inspirada pelo mundo ao seu redor, Barbara se conecta e compartilha sua perspectiva através de vislumbres de momentos do cotidiano, buscando interações significativas. Através da fotografia, ela transmite mensagens sinceras e provoca profundas reflexões em seus espectadores.

Você pode saber mais sobre a Barbara por aqui: @barbaragabriellee // www.barbaragabrielle.com.br

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