Estendendo-se ao longo da costa mediterrânea, as Montanhas do Rif abrigam encostas íngremes e acidentadas onde os campos de cannabis prosperam — um testemunho da dedicação e resiliência do povo Amazigh (Berbere), que aperfeiçoou esse ofício ao longo de gerações. O meticuloso processo de extração de haxixe incorpora não apenas expertise técnica, mas também um profundo significado cultural e social.
O filme vai além de simplesmente apresentar fatos, convidando os espectadores a refletirem sobre a busca universal por propósito e pertencimento, mesmo diante de circunstâncias desafiadoras.
A região do Rif há muito tempo é um símbolo de resiliência e resistência. No início do século 20, foi palco da Guerra do Rif (1921–1926), quando o líder Amazigh Abd el-Krim liderou uma rebelião contra a colonização espanhola e francesa. Hoje, a região continua política e socialmente significativa, enfrentando debates em andamento sobre desenvolvimento, governança e autonomia.
Para os agricultores, o haxixe representa mais do que um produto comercial — é um sustento vital em uma paisagem marcada por recursos limitados e escassas oportunidades econômicas. Contudo, essa tradição profundamente enraizada existe em um equilíbrio delicado entre orgulho e estigma, navegando entre os desafios legais e sociais que destacam as complexidades da região. Questões como pobreza, infraestrutura inadequada e o status legal do cultivo de cannabis agravam ainda mais esses desafios.
A região também enfrenta preocupações ambientais significativas, incluindo desmatamento, pastoreio excessivo e erosão do solo, que ameaçam o equilíbrio ecológico delicado da área. Apesar dessas dificuldades, o povo do Rif continua a perseverar, e seus esforços refletem um profundo senso de resiliência e pertencimento.
O que mais se destacou dessa experiência foi a percepção de que o significado da vida — independentemente da geografia ou ocupação — é moldado por conexões, esforço e propósito. Nas Montanhas do Rif, o trabalho diário dessas comunidades reflete não apenas sobrevivência, mas também uma relação duradoura com a terra, seu ofício e um senso compartilhado de identidade.
Yuri Henrique, 27 anos, natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, formou-se em Audiovisual pela UNA BH. Desde muito jovem, esteve profundamente envolvido com o universo do skate e os movimentos culturais que permeiam esse cenário. Há seis anos, Yuri vive em Lisboa, onde consolidou sua carreira como filmmaker, dedicando-se a viajar pelo mundo para filmar e editar uma ampla variedade de projetos.
Atualmente, Yuri é membro ativo de dois coletivos criativos: o Pixado Filmes, uma parceria com seu irmão de vida, Antonio (Gumi), e o Ignorant Archive, uma plataforma colaborativa de produções audiovisuais que atua em diversos países da Europa.
