Conheci Qenu durante uma dessas sessões. O dia tinha sido frustrante — eu não havia encontrado ninguém para filmar, e a estação Central da 42nd Street era minha última parada antes de voltar para casa. Justo quando eu estava prestes a ir embora, o som de um violino preencheu a estação — profundo, cru, assustadoramente belo. Não era apenas música; era um grito. Um clamor por ser ouvido.
Me aproximei de Qenu após sua performance musical, me apresentei, e perguntei se ele tinha composições próprias. Ele tinha. Começamos a filmar ali mesmo. Lembro de conter as lágrimas atrás da câmera — a música dele transcendia o som. Era dor, beleza e resiliência entrelaçadas em cada nota. A acústica da estação, o ritmo dos passos, o fluxo das pessoas — tudo se tornou parte da composição.
Anos depois, em 2020, em meio à inquietação, à discriminação e à violência contra pessoas negras, revisitei aquelas imagens. Eu havia guardado a performance de Qenu em um HD, sem saber o que faria com ela — mas parecia que estava esperando por aquele momento. Em um tempo de desespero e fraturas, Hear My Cry ganhou vida: uma expressão visual e musical da luta, da dor e da urgência de ser ouvido.
Filme por Jay Perez // www.jperez.nyc
Direção, Fotografia, Edição: Jay Perez
Assistente de Direção: Dariell Pujols
Performance e composição origina: Qenu
Still Photography: Jay Perez
Retrato de Jay Perez por Emannuel Ricardo